Crise financeira na UFRJ: universidade calcula déficit acima de R$ 200 milhões; MEC nega

  • 05/09/2024
(Foto: Reprodução)
Crise impacta o futuro dos estudantes e põe em risco quem circula pelos campi. O teto do Centro de Ciências da Saúde, localizado na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio, desabou na segunda-feira (4) por conta de um vazamento em um laboratório. Ninguém ficou ferido. Crise financeira na UFRJ: universidade calcula déficit acima de R$ 200 milhões; MEC nega A Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) vive uma crise financeira que impacta o futuro dos estudantes e põe em risco quem circula pelos campi. Como consequência, o teto do Centro de Ciências da Saúde, localizado na Ilha do Fundão, Zona Norte do Rio, desabou nesta segunda-feira (4) por conta de um vazamento em um laboratório no andar de cima. Ninguém ficou ferido. Em maio, as aulas da escola de Educação Física foram suspensas por causa do desabamento de uma marquise. Para custear gastos que mantém o funcionamento da universidade como água, luz, limpeza, segurança, transporte, telecomunicações e alimentação, a UFRJ afirma que precisa de mais de R$ 520 milhões de reais por ano. No ano de 2024, os repasses do Governo Federal foram de R$308 milhões. O buraco no orçamento passa de R$ 200 milhões. “Nós falamos muito do déficit orçamentário e financeiro, não temos recursos, nos faltam por ano para as despesas do ano, 227 milhões. Mas esse não é o problema todo. O problema é que tem um déficit maior que não aparece nas contas, que é o déficit de serviços, como por exemplo manutenção. Os prédios desabam, ocorrem incêndios por falta de recursos para manutenção adequada. Então, nós não temos como ter um bom sistema de prevenção de incêndio. Não podemos ter uma boa manutenção predial, tanto que os prédios desabam”, diz o pró-reitor planejamento, desenvolvimento e finanças da UFRJ, Hélios Malebranche. A maior universidade do Brasil tem mais de 70 mil alunos, 20 mil funcionários, 172 cursos de graduação e mais de 300 de pós-graduação e especialização. A população da UFRJ é maior que a de 90% dos municípios do país. É uma cidade que está em crise financeira. Hélios afirma que praticamente todas as contas da instituição de ensino estão atrasadas. “Conta de água nós pagamos duas esse ano, janeiro e fevereiro. Estamos sem condição de avançar, podemos ser vítimas a qualquer momento de um corte no fornecimento. Estamos em negociação quase diária com a águas do Rio porque é uma organização privada que também tem suas obrigações e precisa receber pelos serviços que presta, mas só pagamos janeiro e fevereiro para as Águas do Rio. A Light, energia elétrica, esse nós havíamos pagado apenas um mês e recebemos um aviso de corte. Mesmo porque, só esses dois insumos básicos, água e energia, consomem 46% do nosso orçamento de custeio para o funcionamento da universidade. Praticamente metade do que nós recebemos é para pagar água e luz”. “Nós temos hoje déficit que nós não conseguimos atender que é o café da manhã para o estudante. Muitos vem de locais muito distantes. Outros aqui residentes e começam o dia sem o café da manhã. Então, a gente tem que prover de condições mínimas para esse estudante participar das suas aulas. Nós não conseguimos fazer isso”, diz o pró-reitor. A consequência é o impacto nos estudos. A falta do básico compromete a vida acadêmica e o futuro de estudantes que passaram por um dos processos de seleção mais disputados do país. “A gente não tem água porque falta água, a gente não tem aula porque falta luz”, diz a estudante de farmácia Marina Bittencourt. “Recentemente, eu estava andando com uma amiga minha no corredor do bloco B e a gente estava saindo do banheiro. Uma parte do cobogó da parede caiu quase na nossa frente”, diz a estudante Tainá Santiago. Alef Abraão, estudante de arquitetura e urbanismo, diz que de tempos em tempos, necessidades essenciais para o funcionamento ficam em falta. “Às vezes não tem água, às vezes não tem luz. Semana passada teve queda de luz, não tem papel. Essa semana caiu uma cortina na cabeça de um professor. A gente fica assim sob risco de cair qualquer coisa na nossa cabeça. Semana passada caiu um ventilador na cabeça de um aluno”, diz. A estudante de Letras, Regina Montenegro, relata que a falta de acessibilidade também é uma questão. “O banheiro não tem acessibilidade nenhuma, alguns sem porta, quebrado. Está bem difícil. O transporte é péssimo, mais uma questão educacional dos alunos. Vou para o ponto, lotado, não consigo entrar no ônibus, não respeitam. E na parte interna da faculdade também é péssimo. Não tem elevador, eu subo um lance mais ou menos de 3 escadas, é bem alto, tenho que parar pra descansar porque tenho duas próteses no corpo. Então, com a muleta não me ajuda muito. Tenho que subir, ficar descansando”, lamenta. O teto do Centro de Ciências da Saúde desabou na última segunda (4) Reprodução/TV Globo Todo o jardim dos pilotis da Escola de Arquitetura e Belas Artes foi projetado pelo artista plástico e paisagista Roberto Burle Marx, um dos mais importantes da história brasileira. O espaço é tombado pelo Instituto do Património Histórico e Artístico Nacional (Iphan), mas, por falta de recurso pra manutenção, está completamente abandonado. Um esqueleto inacabado na Ilha do Fundão seria o novo prédio do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) e está com a obra interrompida desde 2018. Mesma situação de um outro edifício, também planejado para servir de residência estudantil. “Faz muita falta, principalmente sabendo que a UFRJ é universidade federal que mais tem estudantes vindos de outros estados. Tem um movimento muito grande de estudantes vindos de outros estados para a UFRJ, que era tida como a melhor universidade federal do país, e esses estudantes eles contam com a questão da moradia estudantil. Quando eles chegam no Rio de Janeiro pra poder fazer matrícula e ver a questão do alojamento, eles percebem que a realidade é outra”, diz o estudante e líder estudantil João Gabriel Gomes. Mesmo com tantos problemas, quem estuda na UFRJ passa por uma etapa importante da vida. Na universidade são formados grandes pesquisadores e pensadores. " Sim, sempre foi meu sonho (estudar na universidade). Eu não imaginava, mas vou continuar aqui. Ainda é meu sonho, apesar da precariedade”, diz a estudante de Letras, Elis de Matos. O Ministério da Educação (MEC) disse que repassou para a UFRJ, em 2024, R$ 430 milhões. A universidade alega que parte dessa verba inclui orçamentos carimbados, que têm destino obrigatório definido e, dessa forma, não cobre o custeio de funcionamento da instituição. O MEC também informou que tem trabalhado para a recompor as reduções orçamentárias ocorridas nas instituições federais de educação superior nos últimos anos.

FONTE: https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/09/05/crise-financeira-na-ufrj-universidade-calcula-deficit-acima-de-r-200-milhoes-mec-nega.ghtml


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